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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Nascida para morrer (?)


Já faz um tempinho que fiz essa resenha, mas aceitando revidar certas alfinetadas (#brinks, gente, hehehe), decidi postar a minha opinião sobre a cantora americana Lana Del Rey. Cada um tem seus pontos de vista, e com certeza entendo como muitos ficam terrivelmente entendiados ou com sono ao ouvir as músicas dela. Pra completar, sua figura está toda construída entorno de polêmicas [fabricadas ou não]. De qualquer forma, é só conhecendo as músicas de Del Rey para afinal você decidir se é um estorvo completo ou uma beleza incrível [espero que venha pro meu time ;D].

Desde que surgiu bombando na internet com o hit Video Games, em 2011, a cantora americana Lana Del Rey vem causando controvérsias. O motivo? O mistério do passado que a artista carrega nas costas. A polêmica que gravita em torno de si inflou-se ainda mais quando o primeiro disco oficial da carreira veio à tona para intrigar crítica e fãs. Born to Die, (“Nascido para morrer”, em tradução livre), vendeu um milhão de títulos em um mês e marca a vereda acidentada que a cantora tem trilhado. Ele deixa um agouro no ar: Lana sobreviverá no mercado da música pop?

Em verdade, esse não é o trabalho primogênito de Del Rey. Muito menos, o nome real da artista. Nascida como Elizabeth Grant e apelidada de Lizzy, a norte-americana já lançou em 2010 o cd Lana Del Ray a.k.a Lizzy Grant. O álbum foi rapidamente retirado da loja virtual iTunes, por razões escusas. Lábios avolumados e mudança de gravadora depois, Lana é acusada de ser uma fabricação de empresários da música.

A desconfiança aumentou com os shows ao vivo. Em janeiro, pouco antes do lançamento no dia 31 do novo disco, fez uma apresentação no programa Saturday Night Live, classificada como “desastrosa” pelos críticos. A postura tímida e o canto desajeitado colocaram em xeque a talentosa figura sexy que foi construída. Mas nada disso é capaz de ofuscar o brilho de Born to Die.

Não há como não se deixar seduzir pela voz rouca e sussurrada, ora grave, ora aguda, que interpreta as 12 canções do cd (ou 15 na versão especial). As faixas são saturadas de uma tristeza sombria de um passado sem data. Assim como outros ícones pop, ela é herdeira do saudosismo de épocas não vividas pelos jovens de hoje. Lana Del Rey une em uma só cantora a melancolia de Adele e as letras destrutivas e desregradas de Amy Winehouse.

Del Rey também chama a atenção do público pelos clipes que lança na internet. Video Games, o primeiro a atrair os olhares curiosos, é uma síntese de nostalgia e atemporalidade. O vídeo, em super-8 (tipo de película cinematográfica), mostra recortes de filmes antigos e cenas de desenhos animados. Carmen, Off to the Races e uma das versões de Blue Jeans seguem o mesmo estilo.

Apesar do sucesso da estética, Lana investiu em clipes mais adequados à indústria, sem perder a mão artística. Exemplos são os das músicas Born to Die (que dá nome ao trabalho) e a segunda versão de Blue Jeans. Na última, a simplicidade da piscina que serve como único cenário coexiste com a grandeza das cenas de lascívia e fatalidade, amplificadas pelo preto e branco. Aliás, em ambos os vídeos, Tânatos (personificação grega da morte) e Eros (deus grego do amor) andam lado a lado e se beijam constantemente com fervor.




Mas é inegável, mesmo àqueles que antipatizam com a moça, que o forte de Del Rey são as letras. É quando a poética se extravasa e talento da jovem se mostra em esplendor. Radio, oitava faixa, traz as tensões da fama, que se torna um imperativo de paixão, já que “me ame, porque eu estou tocando no rádio”. Em Without You, a petulância de celebridade se subjuga ao amor, quando “todos os meus sonhos e todas as luzes significam nada sem você”.

Essa emoção que as composições trazem já é prevista logo no início do disco, com a homônima faixa Born to Die. A cadência dolorosa do refrão assume que “às vezes o amor não é o bastante e a estrada fica difícil” e por isso “vamos nos embriagar, porque o caminho é longo (...) tente se divertir nesse meio tempo”. Mesmo assim, o fim é inevitável, então “escolha suas palavras finais, esta é a última vez, porque eu e você nascemos para morrer”.

Quer produto sintético de um laboratório industrial, quer genuíno talento, as músicas de Lana Del Rey encantam pela pura beleza. Talvez a cantora realmente tenha “nascido para morrer” no mercado e nunca mais faça algo de relevância. Apenas talvez. O que importa é que o álbum Born to Die dificilmente trilhará essa decadência. Lana conseguiu eternizá-lo, ao menos, como um dos melhores discos deste ano.

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