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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

5 fotografias de um mesmo olhar

Esse foi o momento em que decidi ser egocêntrica: farei uma postagem só com minhas fotografias. Nada mais justo quando se está sem criatividade para fazer a resenha de um filme que ainda pretende ver.

Então, vou colocar cada foto aqui, com uma legenda falando sobre a concepção da artista aqui. [#seacha]





{ Essa foto foi feita no caminho para Guaramiranga. Eu ainda fazia o primeiro semestre da faculdade e me deparei com esse simpático senhor na saída do restaurante onde almocei. Não resisti e pedi para tirar um retrato. E ele foi logo se arrumando e fazendo a pose. Ainda pretendo fazer um projeto todo voltado para retratos de pessoas do sertão.







{ Essa outra fotografia foi feita no Cemitério São João Batista, o mais antigo de Fortaleza, onde estão enterrados pessoas que marcaram a história do nosso estado. Lá não podemos fazer fotos das lápides, para não constranger as famílias dos falecidos e nem gerar um processo contra a gente (vale ressaltar). Então, utilizei o macro da minha finada Nikon P500 e está aí o resultado. Um contraste que eu gosto bastante, modéstia parte.













{ Agora uma foto de modelo. Em um ensaio mais oriental, Elaina Forte deu este olhar impactante para minhas lentes. A maquiagem acentuou a densidade dos olhos e o lenço claro deu uma quebra, uma suavizada no contexto. Impossível não passar um tempo encarando. Adorei fotografá-la.







{ Em Jericoacoara você vê inúmeros turistas, "gringos" de todas as partes do mundo. Tomando meu solzinho, porque ninguém é de ferro, vi esta cena e dei graças a Deus por estar com a máquina. Nada mais bonito que o amor incondicional de uma mãe para sua filha. E para ficar mais maravilhoso, só em uma praia surreal como Jeri.








{ Mais uma de praia. Dessa vez, na Praia de Iracema, cartão postal da nossa Fortaleza. Muitos sufistas vão para lá durante o fim da tarde em suas enormes pranchas. Este estava por lá, curtindo a vibe, quando apertei o obturador, momentos antes da remada, durante este pôr-do-sol maravilhoso.







[Espero que tenham gostado dessa pequena mostra de imagens, de diferentes motivos, em lugares comuns, mas com um fator humano que deixa tudo mais relevante.]

sábado, 22 de setembro de 2012

A negra voz


Loira, rosto angelical, britânica. Se dependesse da aparência para ocupar a realeza, de certo estaria em um trono cravejado de esmeraldas e outras pedras reluzentes.  Mas quando se deixa fechar os olhos para escutar a voz da moça, é difícil não se lembrar da cantora Aretha Franklin.

E foi com a voz grave e impecável, o ritmo negro e muito carisma que a jovem Joss Stone conseguiu o destaque no soul e R&B mundial com apenas 16 anos. 

O seu primeiro álbum (The Soul Sessions) tornou-se o top cinco da parada musical da Inglaterra em 2003. São 10 músicas dos anos 60 e 70 de cantores renomados, incluindo a música "All the King's Horses" de Aretha.  "Super Duper Love" foi o seu segundo single, mas merece mais destaque que o primeiro, já que garantiu à cantora o posto entre os vinte músicos mais ouvidos na terra da Rainha. 

Em 2004, com o álbum Mind, Body & Soul, a cantora britânica mostrou que também é uma excelente compositora, sendo o cd totalmente autoral. Canções românticas, como "Spoiled" e "Right to Be Wron", e batidas negras (com muita bateria e contrabaixo) em "You Had Me" e "Don’t Know How", fizeram deste o álbum mais completo. 

O terceiro álbum da britânica foi Introducing Joss Stone. Mais um sucesso: o disco obteve o 12° lugar em vendas só na primeira semana, sendo vendidas 27.000 cópias. De lá pra cá, foram mais de onze milhões de álbuns vendidos, turnês em todo mundo, cinco prêmios Grammy e a consolidação do talento da “Diva do Soul”.


Dessa vez, com 25 anos e muita experiência musical na bagagem, Joss lança uma continuação da primeira “sessão de soul”: intitulado The Soul Sessions vol.2, o novo álbum da diva está com onze deliciosas melodias. A música de trabalho chama-se "(For God's Sake) Give More Power To The People". Podemos defini-la com uma palavra: contagiante. O ouvinte fica extasiado e com uma enorme vontade de dançar, com uma letra que faz uma dura crítica ao poder político e econômico, que desvaloriza o ser, recusa os valores humanos em prol do capital.

E para espalhar essa mensagem, Joss está fazendo uma turnê mundial. O Brasil está entre os países contemplados. Serão cinco shows em novembro, entre os dias 11 a 20, nas seguintes cidades: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis e Porto Alegre. Mais uma vez o nordestino terá de migrar para as regiões sudeste e sul para escutar boa música.

São várias as músicas que eu amo, mas destaquei apenas algumas. Confira e se apaixone:

Super Duper Love (álbum The Soul Sessions - 2003)




Snakes and Ladders (álbum Mind, Body &Soul - 2004)






Baby Baby Baby (álbum Introducing Joss Stone - 2007)






Karma (álbum LP1 - 2011)







While You're Out Looking For Sugar  (álbum The Soul Sessions vol.2 - 2012)


(For God's Sake) Give More Power To The People  (álbum The Soul Sessions vol.2 - 2012)




Sete filmes, sete amores

Todo ano, os cinemas são inundados por comédias românticas que, em sua grande parte, vendem paixões enlatadas com o rótulo de “sucesso”. Às vezes, não contêm nem humor nem verossimilhança, expondo na prateleira histórias totalmente previsíveis. Mas, obviamente, nem todo filme romântico é assim. Por isso, abaixo estão listados sete filmes recentes (não tão conhecidos assim) que mostram, a sua maneira, uma face do amor. Prepare o lenço. 

Melancólico

Toda Forma de Amor - 2010 


Oliver (Ewan McGregor) passa por três reviravoltas em sua vida. Após a morte de sua mãe, seu pai Hal (Christopher Plummer) assume a homossexualidade, aos 79 anos. Quatro anos depois, Hal também morre com câncer. Durante o luto, Oliver se apaixona por Anna (Mélanie Laurent), mas as lembranças do casamento malfadado dos pais atormentam seu próprio relacionamento. 

Do diretor e roteirista americano Mike Mills, Toda Forma de Amor 
conquista pela melancolia dominante. Presente no olhar de McGregor, na luz e cenários pálidos ou mesmo na relação com Anna, umtriste doçura encharca o mundo de Oliver, trazendo à tona uma dor que mais acalenta do que tortura quem assiste. 

As ótimas interpretações completam o trabalho de Milks, principalmente a de Christopher Plummer, que lhe rendeu neste ano o Globo de Ouro
 e o Oscar, na categoria de Melhor Ator Coadjuvante. Confira o trailer! Obs. 1: Para quem se lembra do charmoso Dr. Luka Kovac de E.R., vai se surpreender com um Goran Višnjić bem acabadinho. Pois é, o tempo passa. 


Jovem
Fim de Semana - 2011


Certa noite, Russel (Tom Cullen) resolve ir a uma boate gay. Lá encontra Glen (Chris New), com quem termina a noite em uma transa casual. No breve intervalo do fim de semana, eles descobrem o enorme vácuo que distancia seus universos, ao mesmo tempo a atração os empurra a uma união cada vez mais forte.

O antagonismo entre os amantes é o principal catalisador da trama. Se Russel é um rapaz tímido e discreto quanto à sexualidade, Glen, por sua vez, é um artista impulsivo, sem receios ou papas na língua. Movidos pela divergência, abrem o peito, revelam angústias, exibem alegrias, tecem sonhos. 

Dirigido por Andrew Haigh, o filme transcende ao gênero queer e traz um relato sobre a paixão entre jovens de tumultuados centros urbanos. A lascívia das cenas de sexo é intercalada por diálogos íntimos, dando um ritmo comovente ao enredo. Aos poucos, é construído um romance sincero, que transforma a visão de mundo de cada personagem (talvez até a sua). Veja abaixo o trailer.



Futurístico
Timer: Contagem Regressiva para o Amor - 2009


Timer é um pequeno relógio que revoluciona os relacionamentos. Como? Prevendo o tempo restante para que você tope ocasionalmente com o amor de sua vida. Ele só funciona, porém, se seu par também possuir um. No caso de Oona (Emma Caulfield), o relógio nunca foi ativado, e ela vive a frustração de não saber quando (ou se) encontrará seu companheiro. Conhece, então, o jovem Brian (John Patrick Amedori), que achará a mulher ideal dali a quatro meses. Mesmo assim, Oona decide se arriscar numa relação aparentemente nascida para o fracasso. Será?

A originalidade do roteiro de Jac Schaeffer (que também assina a direção) prende o espectador até o fim. Ironicamente, 
Schaeffer cria as mais latentes dúvidas amorosas em um futuro cheio de certezas sobre o amor. Enquanto Oona sofre por não saber quando conhecerá o homem de sua vida, por exemplo, sua irmã Steph (Michelle Borth) amargura por saber que seu encontro só ocorrerá na velhice. 

Do filme, ecoa um questionamento interessante: há somente uma paixão verdadeira ou são vários os amores marcantes na vida? Pena que a desconstrução do conceito de "alma gêmea" seja tão ineficaz e que a história recorra a clichês. Mas é louvável uma ficção "científica" retratar tão bem os dilemas dos apaixonados, sempre com um toque de humor sutil. Ficou curioso? Olha aí:





Doloroso
Contra Corrente - 2009


Miguel (Cristian Mercado) vive com Mariela (Tatiana Astengo), sua esposa grávida, em uma vila de pescadores no litoral peruano, onde são fortes os preceitos religiosos. Como os demais homens, trabalha arduamente para o sustento de Mariela e do futuro filho. É nesse contexto que chega o artista Santiago (Manolo Cardona), por quem Miguel se apaixona. Uma tragédia, então, muda o destino do pescador e o põe diante de uma escolha: assumir o caso, mesmo depois do "fim" (o que seria o fim?), ou viver conforme as regras de olhares alheios.

O longa é a estreia do diretor peruano Javier Fuentes-León e ganhou visibilidade no Festival de Sundance 2010. A vereda trilhada por Miguel e Santiago é penosa e envolta em muita sensibilidade. No acabar das contas, Miguel sempre termina se esbarrando em uma questão. Vale a pena ou não nadar contra a corrente em um revolto mar de tradição e machismo, que inunda tanto a comunidade em que vive quanto o próprio peito?

Contra Corrente em muito se assemelha a outros do gênero, como Brokeback Mountain (2005) e Pecado da Carne (2009). Mas o sangue latino corre entre os tecidos da cena e metamorfoseia o amor contado, as consequências representadas e mesmo a mensagem transmitida. Da morte, Miguel colhe a felicidade que tanto ocultou. Mas só a dor da revelação trará a paz ao espírito de todos, inclusive de quem assiste. Espia aí. Obs. 2: Não é a cara da depressão, gente!




Saudosista
Eterno Amor - 2004


Mathilde (Audrey Tautou) e Manech (Gaspard Ulliel) se apaixonam na infância e, quando crescem, decidem se casar. Infelizmente, Manech é chamado pelo exército francês para lutar na Primeira Guerra Mundial, da qual não volta. Mesmo desacreditada pelas autoridades e amigos, Mathilde inicia uma incessante procura, guiada pela saudade e pela certeza irracional de que o amado ainda vive.

Pois é, as semelhanças com O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2002) vão além da presença de Tautou e de grande parte do elenco em comum. Ambos têm protagonistas excêntricas e são obras do fantasioso diretor 
Jean-Pierre Jeunet. Mas as coincidências param por aí. Até porque Eterno Amor é a versão cinematografada do livro Um Domingo para Sempre (1991), de Sébastien Japrisot, que conta de maneira realista o romance.

Jeunet é fidelíssimo à obra literária, enxertando no filme quase todas as falas intactas. Claro que alguns fatos são alterados, mas sem sair do conceito original. Tautou traduz na tela a forte personalidade de Mathilde, que supera a deficiência física e o arrefecimento da esperança na corrida cega por reencontrar Manech. Cabe ao diretor e a sua estética encher o filme com uma luz nostálgica, que recorda os momentos mais felizes de M e M, mesmo 
em cenas de desalento. Emocione-se com o trailer. Obs. 3: Gente, só achei o trailer sem legendas, mas vale a pena ver.


  
Não correspondido
Amores Imaginários - 2010


Apesar de diferentes, Francis (Xavier Dolan) e Marie (Monia Chokri) nutrem uma forte amizade. Forte até ser surgir Nicolas (Niels Schneider), que se torna a paixão dos dois. Um campo de batalha se arma, e os (ex-) amigos se digladiam por um sentimento que, em suas imaginações, é retribuído por Nicolas. 

Falou em romance francês, pensa-se logo em triângulo amoroso e ménage à trois, certo (s
afadchênhos)? Mas o filme de Xavier Dolan (também diretor) dá mais uma alfinetada nos amantes de plantão do que inspira erotismo. Quem nunca se apaixonou sem ser correspondido? Ou quem nunca competiu com outra pessoa por um amor? Junte as duas situações e diga adeus à finesse. É o caso de Francis e Marie, que descem do salto e encarnam toda a rivalidade e o egoísmo que circundam o amor. 

O trabalho tem seus defeitos. A direção de Dolan é hipster demais, cheia de efeitos e talvez imatura. Mas ele sabe combinar bem ícones do pop e da arte para criar uma fotografia 
exuberante, que por si só já vale o filme. As cores vibram com intensidade. A trilha sonora é reverberada pelas poderosas músicas, como a dramática Bang Bang e a exótica Pass This On, que embala a cena mais marcante do longa. Nela, o diretor condensa em poucos minutos a visão idealizada (e particular) que se tem de um amante quando os olhos estão baços de amor. Se identificou? Então, curti aí embaixo.



Moderno
Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual - 2011

Martín (Javer Drolas) e Mariana (Pilar López de Ayala) são dois jovens corroídos pelo frenesi da metrópole. Apesar de morarem próximos, nunca chegam a se conhecer na vida real, devido ao isolamento depressivo em que estão imersos. Somente nos chats virtuais é que se encontram, sendo a internet o único escape (ilusório) para a socialização. Mal sabem que o amor está logo ali, ao atravessar uma rua. 

Originado de um curta de 2005, o filme de Gustavo Taretto arrebatou os prêmios de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Diretor no Festival de Gramado de 2011. O longa é uma emocionante parábola sobre as relações amorosas modernas, cultivadas em meio a uma cidade estéril, individualista e cibernética. É em uma urbe assim que habitam Martín e Mariana (e todos nós), consumidos pela solidão de um mundo inteiramente "conectado". 

A arquitetura da cidade é a grande inspiração do filme. Do mais cinza concreto, Taretto consegue extrair poesia e beleza. Medianeras são justamente as laterais vazias de prédios, suportes para propagandas. Quando os personagens decidem rasgar esse dorso petrificado, janelas são abertas e permitem que a luz do Sol revigore a vida. A janela física substitui a virtual e se torna um meio de comunicação direto para o possível romance. Afinal, após inúmeros desencontros (frustrantes!), Martín e Mariana ficam mais uma vez na iminência de se conhecerem. No fim, resta uma prova de esperança: sim, um amor ainda consegue florescer à sombra de edifícios esmagadores. Veja o trailer. Obs 4.: Quem adora Onde está Wally?, vai amar o filme, repleto de referências pop, como Star Wars e Astro Boy.



quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O desabrochar do apocalipse

Steven Carell e Keira Knightley em cena do Procura-se um amigo para o fim do mundo


O impacto é imediato. Sentado no carro junto com a esposa, Dodge sente o torpor trazido por uma notícia no rádio. O asteróide Malthida colidirá com a Terra dali a 21 dias. Logo após, ele vê a mulher fugindo a pé, abandonando-o de vez para que o fim do mundo o consuma junto aos restos do casamento. É assim, com um humor misturando o risível e o doloroso, que se inicia Procura-se um amigo para o fim do mundo (2012), uma delicada comédia apocalíptica.
Mais um apocalipse hollywoodiano? Sim, é verdade. Quem adorou Melancolia (2011), de Lars Von Trier, não deve esperar nada denso demais do trabalho de estreia de Lorene Scafaria, diretora e roteirista. Mas quem disse que é esse o propósito? O objetivo de Scafaria é claro desde o início: entreter e emocionar com um romance “impossível”. O diferencial está na versão intimista que ela traz para o filme sobre a exterminação do planeta. E ainda bem que o faz. 

O enredo é “simples”. Abandonado pela mulher, Dodge (Steven Carell) continua com uma rotina monótona, vendendo seguros. Um dia, encontra-se com a vizinha Penny (Keira Knightley) e descobre que ela guarda sua correspondência de anos atrás, recebida por engano. O encontro torna claro a ambos que ainda existem pendências a serem supridas antes do choque do meteoro.

No caso de Dodge, ele se depara com uma carta de amor recém-enviada por uma paixão do passado e decide reconquistá-la. Já Penny se martiriza por ter sempre privilegiado sua vida amorosa acima da família e agora tenta conseguir um avião para visitar os parentes. Os dois então se unem com a meta de realizar o sonho um do outro antes que a extinção os impeça. É aí que se inicia um divertido roadmovie, que obviamente proporcionará um maior conhecimento sobre si e colocará pessoas singulares nos seus caminhos. 

   
Sem cenas ou efeitos visuais grandiloquentes, Scafaria se apoia no conjunto de personagens para ilustrar hilariamente as diversas reações de se lidar com a morte. Exemplo disso é a família de classe média, que celebra as últimas noites à base de drogas e sexo. Ou os rebeldes agitando as ruas, ao lado de pessoas que tentam manter a vida em ordem, como a empregada de Dodge e o policial que prende os protagonistas por excesso de velocidade. Ou ainda os militares agarrados à esperança de sobreviver dentro de casa, ao mesmo tempo em que, do lado de fora, há os que preferem o suicídio, a malhação, o surfe ou o corte da grama.

Contudo, o melhor trunfo de Scafaria está em retratar a delicadeza e a melancolia em meio a tanto caos. Expressas no olhar cabisbaixo e abobalhado de Dodge. Escritas num bilhete de desculpa pelo abandono de um cão, que passa a se chamar Sorry. Refletidas na água do mar que sela casamentos silenciosos na praia. Enroladas nos braços de Penny, toda vez que ela os entrelaça entorno de seus inseparáveis vinis. 

É inclusive a partir dos LPs de Penny que se origina a trilha sonora, ornada de músicos dos anos 60/70/80 (The Beach Boys) e de bandas indies modernas (Scissor Sisters). Isso faz com que a sonoridade do filme seja tomada por uma nostalgia onipresente de algo se passou e que não terá um mundo para retornar. Uma cena que vale a pena destacar é a espera de Dodge pelo fim, embalada pela tristeza de The Sun Ain't Gonna Shine (anymore) (O Sol Não Brilhará Mais), em que The Walker Brothers cantam que “a solidão é um manto que se veste / uma profunda onda azul que sempre está lá”.

Porém, parte do brilho do filme desvanece ao se perceber que Dodge e Penny caminham para um improvável romance. Afinal de contas, aí se rompe o fio narrativo que até então vinha conduzindo tão bem, ou seja, a busca e o descobrimento de uma amizade para encarar a aniquilação da vida. Soma-se a isso a terrível contradição que Penny comete perto do final, trocando uma escolha corajosa e coerente por uma boba e típica de romances açucarados.

Mesmo com todas as suas qualidades, Procura-se um amigo para o fim do mundo é ainda recorre a lugares-comuns de comédias românticas pré-moldadas. Entretanto, isso não impede de se emocionar com a delicadeza do amor que é construído por Carell e Knightley. No momento em que o clarão apocalíptico entra em cena e o medo invade o ar, a voz macia de Dodge parece transpor a tela para tranquilizar o próprio espectador. Mas escapatória não existe. É quando as luzes da sala de cinema são acesas e indicam que realmente o fim chegou.

domingo, 9 de setembro de 2012

A arte de fazer arte

Três mulheres marcadas pela dor de não conseguir viver um amor verdadeiro. A primeira é Eleonora, uma escritora amargurada e sofrida, cujo livro é lido por Beatriz, a segunda mulher da trama. Esta é prostituta e tenta fugir do mundo do sexo fácil nos braços de um homem que a ame. E a terceira é Eleonora novamente, mas desta vez como a jovem personagem do livro a qual é impedida de viver um romance com um artista circense para casar-se com um rapaz de posses.

Esta é a história que rege "Noite de Núpcias", espetáculo dos alunos concludentes do Curso de Princípios Básico de Teatro (CPBT) do Theatro José de Alencar. A primeira temporada aconteceu durante dos dias 7 a 9 de setembro, levando 803 pessoas a sair de suas casas para apreciarem um produto da cultura cearense.

Para saber mais sobre o processo criativo e as referências da peça, entrevistei os atores Gabi Gomes e Ari Areia, além de falar com o diretor da peça Silvero Pereira.

Confira o resultado da conversa na matéria abaixo:



P.S: O ruído das falas dos entrevistados é apenas um retrato da falta de habilidade da pseudocult em edição de vídeos.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A metametalinguagem de Madonna

Foto: Marcus Piggott e Mert Alas
 Última resenha do #REC que estava escondidinha na gaveta. Agora é a vez de Madonna.

Clipes controversos capazes de preparar uma cama cheia de polêmicas. Essa é a arma (ou o trunfo sob os lençóis) que a diva Madonna tem se utilizado durante quase três décadas para se conservar no posto de rainha pop. Mesmo em tempos de concorrentes megalomaníacas, como Lady Gaga, Madonna indica que ainda não está pronta para abdicar do reinado. Com o vídeo de Girl Gone Wild, do décimo segundo álbum MDNA, a artista se inspira em elementos da própria carreira para se reinventar e para fabricar um novo produto. 

A partir do lançamento, no dia 23 de março, MDNA galopou rapidamente rumo ao ápice da lista de sucessos da revista Billboard. Porém, já na semana seguinte, ele amargou a maior queda de vendas para um disco que esteve em primeiro lugar (86,7%). A faixa Girl Gone Wild teve o mesmo destino e não emplacou no rádio como se era esperado. 

Apesar dos reveses, não se pode negar que o vídeo da música é uma surpreendente homenagem à própria carreira de Madonna. Lançado um pouco antes do cd, é dirigido pela dupla de fotógrafos Mert Alas e Marcus Piggott, que já haviam feito um ensaio com a diva para a revista Interview em 2010. O resultado da segunda parceria é um desfile de autorreferências e de metalinguagens. 

Madonna em Like a Prayer (1989) e em Vogue (1990).

Relembrando Like a Prayer, em Girl Gone Wild (em tradução livre, “A garota que ficou selvagem”), Madonna insinua falar com Deus e se diz “arrependida de coração por tê-Lo ofendido”. Apesar de “detestar meus pecados” e “querer tanto ser boa”, ela admite que é “uma garota má, no final das contas”, principalmente quando fica “na pista de dança até a luz do amanhecer chegar”. O próprio refrão, quando se ouve que “garotas querem apenas se divertir”, já remete aos anos 80 de Girls Just Want to Have Fun, de Cyndi Lauper, época em que Madonna também surge no cenário pop.

O vídeo é filmado em um preto e branco de contrastes, cuja aura natural de imponência e de drama é desestabilizada por uma imagem poluída por estáticas. Esse e outros elementos nele presentes são na verdade heranças de clássicos passados de Madonna. Os diretores reúnem em um só trabalho a intensidade do glamoroso Vogue, a sensualidade dos latejantes Erotica e Justify My Love e o sombrio do coreografado Human Nature. Inclusive, 
 Justify My Love e Human Nature mereceram até novas versões, usadas como plano de fundo em apresentações da MDNA Tour.



 

Justify My Love, Erotica e Human Nature são outros clássicos da diva

Temas como sexo e o universo gay são novamente resgatados às telas, agora de uma forma mais explícita. Os homens musculosos do grupo ucraniano Kazaky [os fortalezenses devem se lembrar bem né =p], de meia calça e saltos altíssimos, chocam ao dançarem tão sinuosamente quanto a artista e abalam a distinção entre os gêneros. Além disso, a ousadia dos fotógrafos de privilegiar a beleza estética do corpo masculino traz ao vídeo um olhar diferente.

O voluptuoso é ungido ainda com elementos que remetem à religião. Os antigos pingentes e brincos de cruzes voltam ao figurino de Madonna, enquanto ruídos na imagem e uma coroa de espinhos simulam episódios da crucificação de Cristo. A maçã, como o fruto proibido de Adão e Eva, aparece sendo devorada ao mesmo tempo por dois rapazes, talvez em crítica ao comportamento que rejeita homossexuais. Ou, simplesmente, em pura provocação, uma das qualidades mais exercidas pela cantora.

Porém, quem assiste ao clipe fica com uma sensação estranha de déjà vu. Isso porque o clima sombrio, as referências religiosas, o erotismo e o andrógeno se assemelham (e muito) a outra obra de sucesso, o controverso Alejandro, da rival/colega Lady Gaga. Até mesma a cena em que Madonna chora lágrimas negras parece uma reprodução, ou mesmo uma paródia, da capa alternativa do cd The Fame Monster, de Gaga.

Em Girl Gone Wild, é como se a mestra se autocopiasse a partir da pupila. É como se Madonna falasse de cantoras que imitam ela própria, que, por sua vez, também é cópia de celebridades, como Marilyn Monroe. A metametalinguagem, digamos assim, é o que há de mais interessante no vídeo. Ela é a prova de que a artista é dona de uma capacidade camaleônica de se reinventar. Aparentemente, Madonna não irá passar de vez a coroa de rainha do pop. Ao menos, não por espontânea vontade.


Veja o Girl Gone Wild:




E confira abaixo alguns dos clipes que serviram de inspiração:

Like a prayer - 1989



Vogue - 1990



Justify My Love - 1990



Erotica - 1992



Human Nature - 1995




terça-feira, 4 de setembro de 2012

A beleza inquietante de um silêncio


Da série #REC [Recuperando Empoeiradas Críticas], mais uma resenha, hehehe. Desta vez sobre o filme Drive, do qual eu sou fã inveterado, admito.

Ovacionado em pé no célebre Festival de Cannes de 2011. Vencedor da categoria de melhor diretor na mesma premiação. Catalisador de elogios da crítica a Ryan Gosling, ator que encarna o protagonista. Exagero ou merecimento? Filme de ação com gangters ou cult artístico? Todas essas dúvidas são algumas das sementes que o filme Drive (2011), do diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn, tem germinado no peito dos amantes de cinema. 

Cartaz do filme

O que há de se destacar é que eco e a barulheira florescidos ao redor do filme são justamente o oposto do que mais maravilha o espírito de quem o assiste. É o silêncio abrasador, que ora angustia o espectador, ora potencializa a beleza das cenas, o responsável pela irresistível sedução que a trama suscita. 

A obra é fruto do livro homônimo de 2005 de James Sallis e tem um roteiro sem reviravoltas mirabolantes. No filme, o Motorista (Gosling) é um sujeito cujo nome nem ao menos é mencionado e que mantém uma vida dupla (ou até tripla). Quando não está na oficina do patrão e agente Shannon (Bryan Cranston), é dublê de filmes de ação pela manhã e dirige carros na fuga de criminosos durante a noite. 

Aos poucos, o Motorista se apaixona pela vizinha casada Irene (Carey Mulligan), que mora apenas com o filho pequeno enquanto o marido está na prisão. A vida se complica quando o esposo é liberto e chantageado pela máfia a pagar uma dívida. Para proteger a família, o altruísta galã é capaz de abdicar do romance ainda não concretizado e decide ajudar o outro em um crime final. Mas nem tudo sai de acordo com os planos, e o Motorista, Irene e a criança se veem mais afundados em perigos. 

Na atual fase do cinema de ação, em que, para fazer sucesso, explosões, tiros, lutas, perseguições e sexo devem surgir em abundância, Drive se destaca justamente por nadar contra a maré. Os sequiosos por nudez se decepcionarão. Entre o anti-herói e a mocinha, o público só irá ver um pudico beijo. Já para aqueles que desejam ver sangue, talvez o desapontamento seja menor. 

Refn consegue dosar bem no teor violento de Drive. São poucas as cenas que contêm lutas e sangue. Algumas, inclusive, são marcadas pela sutileza, como uma em que há um duelo entre sombras no asfalto. Em compensação, quando a violência dá a honra de aparecer na tela, revela-se de forma brutal e crua. É quando o diretor combina o sutil com o explícito o momento em que se chega ao nível máximo de beleza estética. O resultado se materializa na queridíssima cena do elevador, combinada com o único beijo do filme, o que deixa a todos extasiados. 

Drive também é marcado pelo contraste de uma urbe perdida em diferentes épocas, reflexo da atual tendência de produtos culturais reviverem antigos passados, munidos de novidades tecnológicas. Desde os créditos em letras cursivas cor de rosa choque, passando pela jaqueta prateada com escorpião dourado do Motorista, e coroada com a trilha sonora repleta de sintetizadores eletrônicos, a aura dos anos de 1980 se infiltra em todo o decorrer do filme (destaque para Under Your Spell, da banda Desire, na cena abaixo). Ao mesmo tempo, celulares de última geração usados por prostitutas surgem na trama, o que cria uma paradoxa sensação de atemporalidade. 




Apesar da riqueza dos elementos já mencionados, tudo isso se esvanece ao magistral uso da quietude que o diretor lança mão. Aproveitando-se do soturno personagem central, que impressiona pela ausência de palavras, Refn se utiliza do silêncio para intensificar os sentimentos que o filme traz à tona.

A beleza das cenas não está limitada em diálogos inverossímeis, como em filmes do endeusado diretor estadunidense Quentin Tarantino. Nada é proferido de graça. Aquilo que não é possível de se dizer, o ator Gosling dá vida e força com sua interpretação.

É a ausência de sons nos momentos decisivos que constitui o pomo de ouro do filme. Só quem se angustiou com o silêncio aterrador do um minuto de cena final, com close up do imóvel Motorista, é capaz de entender que a beleza do filme não está naquilo que foi dito, e sim no que Refn deixou para ser sentido e vivenciado.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Nascida para morrer (?)


Já faz um tempinho que fiz essa resenha, mas aceitando revidar certas alfinetadas (#brinks, gente, hehehe), decidi postar a minha opinião sobre a cantora americana Lana Del Rey. Cada um tem seus pontos de vista, e com certeza entendo como muitos ficam terrivelmente entendiados ou com sono ao ouvir as músicas dela. Pra completar, sua figura está toda construída entorno de polêmicas [fabricadas ou não]. De qualquer forma, é só conhecendo as músicas de Del Rey para afinal você decidir se é um estorvo completo ou uma beleza incrível [espero que venha pro meu time ;D].

Desde que surgiu bombando na internet com o hit Video Games, em 2011, a cantora americana Lana Del Rey vem causando controvérsias. O motivo? O mistério do passado que a artista carrega nas costas. A polêmica que gravita em torno de si inflou-se ainda mais quando o primeiro disco oficial da carreira veio à tona para intrigar crítica e fãs. Born to Die, (“Nascido para morrer”, em tradução livre), vendeu um milhão de títulos em um mês e marca a vereda acidentada que a cantora tem trilhado. Ele deixa um agouro no ar: Lana sobreviverá no mercado da música pop?

Em verdade, esse não é o trabalho primogênito de Del Rey. Muito menos, o nome real da artista. Nascida como Elizabeth Grant e apelidada de Lizzy, a norte-americana já lançou em 2010 o cd Lana Del Ray a.k.a Lizzy Grant. O álbum foi rapidamente retirado da loja virtual iTunes, por razões escusas. Lábios avolumados e mudança de gravadora depois, Lana é acusada de ser uma fabricação de empresários da música.

A desconfiança aumentou com os shows ao vivo. Em janeiro, pouco antes do lançamento no dia 31 do novo disco, fez uma apresentação no programa Saturday Night Live, classificada como “desastrosa” pelos críticos. A postura tímida e o canto desajeitado colocaram em xeque a talentosa figura sexy que foi construída. Mas nada disso é capaz de ofuscar o brilho de Born to Die.

Não há como não se deixar seduzir pela voz rouca e sussurrada, ora grave, ora aguda, que interpreta as 12 canções do cd (ou 15 na versão especial). As faixas são saturadas de uma tristeza sombria de um passado sem data. Assim como outros ícones pop, ela é herdeira do saudosismo de épocas não vividas pelos jovens de hoje. Lana Del Rey une em uma só cantora a melancolia de Adele e as letras destrutivas e desregradas de Amy Winehouse.

Del Rey também chama a atenção do público pelos clipes que lança na internet. Video Games, o primeiro a atrair os olhares curiosos, é uma síntese de nostalgia e atemporalidade. O vídeo, em super-8 (tipo de película cinematográfica), mostra recortes de filmes antigos e cenas de desenhos animados. Carmen, Off to the Races e uma das versões de Blue Jeans seguem o mesmo estilo.

Apesar do sucesso da estética, Lana investiu em clipes mais adequados à indústria, sem perder a mão artística. Exemplos são os das músicas Born to Die (que dá nome ao trabalho) e a segunda versão de Blue Jeans. Na última, a simplicidade da piscina que serve como único cenário coexiste com a grandeza das cenas de lascívia e fatalidade, amplificadas pelo preto e branco. Aliás, em ambos os vídeos, Tânatos (personificação grega da morte) e Eros (deus grego do amor) andam lado a lado e se beijam constantemente com fervor.




Mas é inegável, mesmo àqueles que antipatizam com a moça, que o forte de Del Rey são as letras. É quando a poética se extravasa e talento da jovem se mostra em esplendor. Radio, oitava faixa, traz as tensões da fama, que se torna um imperativo de paixão, já que “me ame, porque eu estou tocando no rádio”. Em Without You, a petulância de celebridade se subjuga ao amor, quando “todos os meus sonhos e todas as luzes significam nada sem você”.

Essa emoção que as composições trazem já é prevista logo no início do disco, com a homônima faixa Born to Die. A cadência dolorosa do refrão assume que “às vezes o amor não é o bastante e a estrada fica difícil” e por isso “vamos nos embriagar, porque o caminho é longo (...) tente se divertir nesse meio tempo”. Mesmo assim, o fim é inevitável, então “escolha suas palavras finais, esta é a última vez, porque eu e você nascemos para morrer”.

Quer produto sintético de um laboratório industrial, quer genuíno talento, as músicas de Lana Del Rey encantam pela pura beleza. Talvez a cantora realmente tenha “nascido para morrer” no mercado e nunca mais faça algo de relevância. Apenas talvez. O que importa é que o álbum Born to Die dificilmente trilhará essa decadência. Lana conseguiu eternizá-lo, ao menos, como um dos melhores discos deste ano.

A doçura de Soko

Estava passeando pela linha do tempo do Ed e vi algumas músicas da Lana Del Rey. Ele vive falando sobre ela e ainda por cima fez uma resenha maravilhosa elogiando-a.

Eu, na minha total ignorância musical cult, pensava que era mais uma daquelas cantoras da Disney, a la Hanna Montana [ou coisa demoníaca].

Enfim, fui escutar a tal da Lana. Detestei. Deixo esse espaço para o Ed falar o quanto ela é maravilhosa e representa o big-bang musical do século XXI [ou não]. Mas, para ele não me dar um pontapé na bunda 0800, ouvi várias canções para constatar que nenhuma me atraía.

Então surgiu uma opção no youtube de uma tal de Soko. Fui escutar. Amei demais!

Soko é uma francesa, atriz desde os 16 anos, que teve vontade de cantar graças a um filme em que atuava em 2006. E de lá pra cá, ela vem criando canções com melodias doces, algumas letras bem adolescentes, "pieguíssimas", melodramáticas, mas que tocam bastante o heart de quem ouve. Alguns clips que ela fez lembram bastante a estética da Björk

Mas a música que mais gostei foi "I'll kill her". É o retrato da corna inconformada, mas com toda a delicadeza das princesas da Disney [que paradoxo in my mind!].


Se você quiser baixar ou escutar outras músicas dela é só clicar aqui.


Como eu adoro remix [e não nego], cá está uma versão da música que caiu no meu gosto e vai tocar direto no toca fita da sala! Espero que curtam!



sábado, 1 de setembro de 2012

George Israel relembra Cazuza

Oi, pessoal! Decidi colocar logo este post aqui para vocês porque queria atualizar o blog e mostrar que estou com muita vontade de ser cult.

Essa ida ao Centro Cultural do BNB foi em julho de 2011. Aproveitei as férias para dar uma passada por lá com meus amigos porque o George Israel ia se apresentar de graça, enquanto em uma famosa barraca de praia de Fortaleza o ingresso para o mesmo show sairia no mínimo 30 reais.

Tudo bem que quero ser cult, mas ainda "me falta-me o gramur"...

Enfim, confiram um vídeo que fiz de uma parte [mínima] do show. Esta música está no cd "13 parcerias com Cazuza", que eu tenho autografado! [morram de inveja]