É impossível falar de filmes de terror
sem mencionar vampiros. Eles são envolventes, apaixonantes, tenebrosos,
monstros e humanos. Apesar de não possuir alma, todos os que são apresentados
na literatura ou nas telas do cinema têm sentimentos, nem que seja luxúria,
dotados de um fator humano que nem a maldição mitológica vampiresca foi capaz
de tirar.
E da mesma forma que é impossível falar
de terror sem mencionar os “chupadores de sangue”, é um verdadeiro atentado não
mencionar Drácula. Não se sabe ao certo como começou esse mito de que existiam
homens eternos, cuja fonte de energia era o sangue. Em várias partes do mundo,
já eram descritos seres semelhantes, entretanto os mais “famosos” eram os da
Europa ocidental no início do século XIX.
Foi então que Bram Stoker, em 1897,
publicou uma obra bastante realista. Utilizando cartas, documentos, registros
de bordo, o autor acabou construindo uma espécie de documentário sobre o conde
excêntrico que vivia em um castelo na Transilvânia.
Drácula tinha virado vampiro após
renegar a Deus e a igreja quando viu sua amada Elisabeta morta. A moça cometeu
suicídio quando ouviu boatos de que ele havia morrido na guerra; portanto,
segundo a religião católica, ela estaria condenada ao inferno. Inconformado com
isto, Drácula amaldiçoou Deus e, por consequência, foi condenado a viver
eternamente como um parasita, tendo que se alimentar de sangue humano para
sobreviver.
Na trama de Bram Stoker, o vampiro,
séculos depois, acaba sentindo a presença de Mirna, reencarnação da sua amada e,
numa tentativa de encontrá-la, usa como desculpa a compra terras na Inglaterra.
Dessa forma, conseguiu se aproximar do namorado da moça (Jonathan Harker), o
qual era o que hoje chamamos de corretor de imóveis, para conseguir informações
sobre Mirna.
Daí em diante, são sequencias de mortes,
muito sangue, horror, até o monstro-humano se aproximar de Mirna e manipulá-la
de tal forma que o que era amor, torna-se uma obcessão. É nesse momento que eu
fico morrendo de vontade de contar o final, mas espero que leiam o livro para
saber como termina.
Pioneiro
nas telonas
Mas o vampiro não se contentou em ficar
no papel e foi para as telas do cinema sob o olhar de vários competentes (e
incompetentes) diretores. Aqui vocês só encontraram boas dicas de filmes com
Drácula. Boas e clássicas.
O primeiro é o filme mudo do alemão F.
W. Murnau, Nosfetatu (Nosferatu, EineSymphonie des Grauens) de 1922. Trata-se
da primeira adaptação do livro de Bram Stoker, entretanto não possui os nomes
dos personagens originais por problemas com direitos autorais. Tanto que até o
nome do personagem principal foi alterado. A figura do monstro Nosferatu foi
muito bem feita e é bastante amedrontadora.
Além de ser a primeira tentativa de
reprodução visual do livro, a película é considerada a primeira do gênero
terror no cinema. O enredo é a história do conde Orlock (Max Schreck) que se apaixona por Ellen
(Greta Schröder) e causa o medo na cidade em que sua amada vive. Para quem nunca viu um
filme mudo, pode parecer um pouco tedioso, mas garanto que o intuito da
película se mantém.
O
grotesco do estúdio Hammer
O próximo que tenta retratar o
ser das trevas é O Vampiro da Noite
(Dracula) de 1958. Dirigido por Terence Fisher e produzido pelo estúdio
inglês Hammer Film Productions (conhecido pelos filmes com monstros clássicos -
Drácula, Frankenstein e múmias), este foi o primeiro filme de uma série que
ficou bastante famosa por utilizar recursos bastante grotescos para causar medo
nos espectadores.
Mas não é só com efeitos que se faz um
bom longa. A adaptação do roteirista Jimmy Sangster, que fugiu um pouco do
texto original, não deixou a desejar. Nesse filme alguns personagens mudam de
nome e de função, mas a essência do Drácula não se perde. E o ator Christopher
Lee conseguiu se eternizar pela maravilhosa atuação como príncipe das trevas.
Nessa história, Drácula sai da Transilvânia,
para ir a Londres em busca de novas vítimas. Como mantinha hábitos noturnos,
chamou à atenção do Dr. Van Helsing (interpretado por Peter Cushing), que se
tornou o grande inimigo do vampiro.
A
adaptação mais fiel
Drácula
de Bram Stoker (Bram Stokers Dracula)
de 1992, dirigido pelo renomado cineasta Francis Ford Coppola (que também
dirigiu clássicos como a franquia O
poderoso Chefão e Apocalipse Now),
foi o que mais se aproximou do livro, tendo até o jogo epistolar em algumas
narrações ao longo da película.
Com uma fotografia rebuscada, cenas surreais,
jogos entre as passagens de quadros e efeitos especiais, que as outras
adaptações não possuíam devido à falta de tecnologia, o filme conseguiu conquistar
um enorme público. Foi o ganhador do Oscar de 1993 nas categorias Melhores
Efeitos Sonoros, Melhor Figurino e Melhor Maquiagem.
A dupla Winona Ryder (que interpretou Mina
Murray/Elisabeta) e Gary Oldman (o próprio conde Drácula) deram um show de
interpretação como o casal mais amaldiçoado e mais bonito dos filmes de terror.