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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A sinestesia da Metrópole

Silvero Pereira em cena - FOTO: Divulgação
O que é ser artista? É decorar textos e fingir ser outra pessoa? É fazer mímicas e esperar que a plateia acerte o que se quer dizer? É pintar como os Renascentistas ou como Picasso? É fotografar com lata de leite ou com uma Canon D5000? É dançar forró ou usar o corpo desconstruído para sintetizar um novo sentimento, uma nova expressão?
E depois de tentar responder (não respondendo) o que é um artista, é bom também levantarmos a seguinte questão: o que significa esta categoria no nosso contexto social? Na nossa cidade, no nosso bairro, na nossa rua e até mesmo na nossa casa? Onde está a arte? Onde ela se esconde? E ela realmente está oculta no meio de nós?
Tentando mostrar a importância que o fazer artístico possui, a Inquieta Cia. de Teatro traz o espetáculo Metrópole, com direção de Gyl Giffony e texto de Rafael Barbosa. A trama é a história de dois irmão atores, Caetano e Charles. O primeiro é bastante talentoso, mas abriu mão de exercer a profissão que gosta por falta de espaço e valorização da categoria. O segundo, seguiu em frente e, mesmo com todas as adversidades enfrentadas, continua com o intuito de fazer arte e beneficiar terceiros com a cultura proveniente deste “setor” do meio cultural.
Com um jogo de cena entre os espectadores, se utilizando de espelhos, alternâncias entre luz e sombra e uma trilha sonora muito bem escolhida, o público apreende com mais força os sentimentos destes dois, que nos ajudam a dar início a uma série de reflexões sobre o papel da cultura para a estruturação da sociedade e em que parte de cada um está a arte.



Atores dando vida a atores
Thiago Andrade em ensaio - Divulgação

E como não falar da maravilhosa interpretação de um dos grandes nomes do teatro cearense. Silvero Pereira, como já era de se esperar, não decepciona ao dar vida a Caetano, um homem “zumbi”, o qual segue uma rotina trivial, excluindo de suas vivências o fazer artístico, tonando-se, assim, um morto-vivo.
E a parceria no palco com Thiago Andrade só engrandeceu a trama em si e a reflexão sobre o tema.
Thiago foi aluno de Silvero no Curso de Princípios Básicos em Teatro, promovido pelo Theatro José de Alencar. E as aulas foram muito bem apreendidas por essa nova figura do cenário artístico local. Tanto que sua personagem é de uma crescente incrível na peça, ficando sempre em uma sintonia perfeita com seu colega/tutor.
Então, agora é chegar cedo, garantir seu ingresso e mergulhar nessa sinestesia chamada Metrópole.

Mais informações:

Você pode conferir este espetáculo nos dias 22, 23 24/11 (quinta-feira a sábado), na Sala de Dança Hugo Bianchi (anexo do TJA - Rua Liberato Barroso, 525 – Praça José de Alencar).
Ingressos R$ 20,00 e 10,00 (meia)

sábado, 3 de novembro de 2012

Para se arrepiar: Dicas de histórias de terror





Achou que nosso especial de terror acabou? Desta vez, o jornalista George Pedrosa e o cinéfilo Eduardo Silva, fãs do gênero, listam quais foram as histórias que mais marcaram suas lembranças. Assuste-se.



Filmes

Monstros (1932) - Tod Browning

"Quero que façam algo mais apavorante do que Frankstein". Essa teria sido a frase dita por Irving Thalberg, executivo do estúdio MGM, ao exigir um novo filme que superasse Frankstein (1931), grande sucesso de terror da concorrente Universal. Ficou nas mãos do diretor de Drácula (1931), Tod Browning, a tarefa de criar Monstros, vendido, mais tarde, como " a mais assustadora história de terror sobre anormais e indesejáveis". 

Em um "circo de horrores", o anão Hans (Harry Earles) ganha uma fortuna e  é seduzido pela sinuosa figura da trapezista Cleópatra (Olga Baclanova). Ela o separa da noiva, mantém um caso com Hércules, o homem-músculo, e destrata os demais artistas. Porém, quando o véu da ilusão vem abaixo e tudo é descoberto, uma vingança sedenta se arma envolta daqueles que são verdadeiramente monstruosos. 

Em meio a irmãs siamesas, anões e pessoas com deformidades, Browning constroi uma visão sensível da realidade do circo e mostra que os piores monstros se escondem sob a máscara da "normalidade", como Cleópatra e o amante Hércules. Um dos aspectos que mais chocaram no filme foi o fato de o diretor, antigo artista mambembe, contratar atrações circenses de verdade para atuar, o que incomodou o estúdio e o público. Os resultados finais não foram os esperados. A película atraiu uma enxurrada de críticas e polêmicas, sofrendo várias modificações para poder ser exibida.

O Exorcista (1973) - William Friedkin

Em Georgetown, Washington, a atriz de cinema Chris MacNeilvai (Ellen Burstyn) se desespera ao ver que a filha Regan (Linda Blair), de 12 anos, está agindo de maneira horripilante. Ao se convencer de que se trata de uma possessão demoníaca, Chris recorre aos padres Lankester Merrin (Max von Sydow) e Damien Karras (Jason Miller) na tentativa de salvar a vida da filha.

O enredo é de autoria de William Peter Blatty, roteirista até então de comédias. Ele escreveu o livro O Exorcista baseado em um caso de possessão documentado em 1949. Com um grande orçamento e uma tecnologia de ponta, o filme se tornou um sucesso imediato. Foi o único do gênero de terror a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme. Também foi um dos últimos sucessos de Friedkin na direção.

Zé do Caixão (1963 a 2008) - José Mojica Marins

O personagem Zé do Caixão, criado e interpretado por José Mojica Marins, marcou definitivamente a história do cinema brasileiro. Surgiu pela primeira vez em 1963, no filme À Meia-Noite Levarei Sua Alma, inspirado em um pesadelo de Mojica. 

Em À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1963), Zé do Caixão é um cruel coveiro que estupra a namorada do melhor amigo por sua esposa não conseguir gerar um filho de seu sangue. A moça, então, deseja se suicidar para voltar do mundo dos mortos e arrastar a alma de Zé para o outro lado. 

A saga de Zé do Caixão continua em dois outros filmes. Em Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967), Zé permanece buscando a mulher ideal que irá gerar um filho perfeito. Ele rapta e tortura seis moças, para escolher a mais corajosa. Após matar uma delas que estava grávida, Zé é atormentado por um pesadelo em que é levado para um inferno e reencontra as vítimas. 

Já em A Encarnação do Demônio (2008), Zé reaparece, após ser liberado do cárcere em que estava enclausurado há 30 anos. Ele então retoma sua busca pela mãe de seu futuro filho, perambulando pela cidade São Paulo e deixando atrás de si atos de puro horror.

Livros

A coisa (1986) - Stephen King






No livro, que mais tarde deu origem ao filme It - Uma Obra Prima do Medo (1990), sete crianças da cidade de Derry, no Maine, sobrevivem ao palhaço Pennywise, que se transforma em uma terrível criatura cujo alimento preferido é o medo. Trinta anos depois e já adultos, toda a turma volta à cidade ao descobrir que o monstro também retornou e está assassinando crianças.








Perdidos Street Station (2000) - China Miéville 

Na cidade de New Crobuzon, em que estranhos humanoides convivem com os homens, o cientista Isaac inicia um perigoso trabalho. Para ajudar um Garuda, criatura alada que teve as asas cortadas, Isaac estuda e faz experimentos com diferentes seres voadores. Dentre eles, está uma lagarta que se alimenta apenas de dreamshit, uma droga alucinógena, e que causa esquisitos sonhos eróticos no cientista. À medida que cresce, o ser se transforma em um monstro capaz destruir a alma de todos os habitantes da cidade. A história é um típico exemplo do gênero New Weird, que mistura fantasia, terror e ficção científica. 



Quadrinhos
Black Hole (1995 a 2005) -  Charles Burns

Publicada em 12 volumes entre 1995 e 2005, a HQ narra uma praga que acomete inúmeros adolescentes de Seattle, nos anos 70. O vírus é transmitido por relações sexuais e se manifesta de forma diferenciada em cada caso. Enquanto alguns sofrem apenas manchas na pele, outros se transformam em aberrações, tendo de viverem isolados em acampamentos. Com o hipnotizante traço de Burns, Black Hole já arrebatou diversos prêmios.


O Monstro do Pântano - Alan Moore

O Monstro do Pântano, personagem criado por Len Wein e por Berni Wrightson em 1972, se torna um marco no mundo dos quadrinhos quando ganha novos contornos nas mãos de Alan Moore. Originalmente, após a explosão de seu laboratório, o corpo do cientista Alec Holland é coberto por toxinas e plantas e cai em um pântano, onde sofre terríveis mutações. A partir de então, ele transforma-se em um monstro composto pela matéria orgânica do pântano e busca uma cura para voltar à forma humana. 

Com a chegada de Alan Moore, a história tem uma grande reviravolta. Um dia, é feita uma autópsia no Monstro do Pântano e se descobre o que verdadeiramente aconteceu na explosão do laboratório. Alec Holland havia morrido naquele dia e sua alma tinha sido absorvida pelo pântano. Por isso, a cura não existia, já que nunca o Monstro do Pântano havia sido humano. O Monstro ganha, então, novos poderes, e sua saga passa a ter uma interpretação mais ampla do que a anterior. A obra marcou a história das HQs por trabalhar com o gênero terror e ser escrita para o público adulto.